Denial.

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domingo, 23 de fevereiro de 2014

O trauma de cada mulher

Por que eu tenho olhos castanhos? Por que eu não nasci loura? Por que eu tenho tantos pelos? Por que eu sou gorda? Por que meu cabelo é ruim? Por que eu tinha que nascer negra? Por que eu não consigo engordar? Por que minhas coxas são grossas? Por que sou tão pálida? Por que tenho sardas? Por que meus seios são pequenos? Por que meus seios são tão grandes? Por que meu nariz tem esse formato? Por que eu nasci feia?

Todos os dias, milhões e milhões de mulheres ao redor do mundo fazem estas e outras perguntas, sempre questionando: por quê? Por que eu não posso ser bonita?

Cada mulher tem seu trauma. Em pelo menos algum momento da sua vida, toda mulher já ouviu algum tipo de crítica à sua aparência, mesmo que ela não pudesse escolhê-la. Isso pode causar uma série de problemas de autoestima, que nem todo mundo aceita e julga como “frescura”, “futilidade”, “só pensa na beleza”.

A maioria dos “tratamentos de beleza”, como se não bastasse serem dolorosos e agressivos, têm duração pré-definida. Depilação, por exemplo. Dói, muitas vezes irrita a pele e mesmo assim os pelos crescem pro resto da vida. Será que realmente merecemos passar por tudo isso só para agradar os homens? E será que os homens realmente se importam? Ou será que são os padrões, a cultura machista que torna homens e mulheres aversivos a qualquer mulher que não seja branca, loura, de olhos azuis e magra? E será que os homens também não são prejudicados por esse machismo?

Me surpreendeu o fato de que ao verem a foto publicada pela Vanity Fair, muitas pessoas disseram o quanto Scarlett Johansson (mesmo estando dentro de todos os padrões da mídia) estava feia e acabada sem maquiagem, enquanto eu mal vi diferença. Continuei achando-a linda. Como qualquer outra mulher, como qualquer pessoa que você vê na rua, ela não precisa se pintar e mostrar uma Scarlett que não existe para ser bonita. E isso vale para todas nós.


A verdade é que todas as pessoas são prejudicadas pelo machismo. Mulheres e homens. Homossexuais e heterossexuais. Transexuais e travestis. Crianças e adolescentes. E por trás disso há toda uma imposição de poder – e um mercado. Um mercado é beneficiado pela infelicidade das pessoas em relação à própria aparência. E que incentiva cada vez mais as pessoas – homens e mulheres – a se sentirem feios e insatisfeitos com si mesmos, tudo isso para conseguir uma porcentagem a mais em suas margens de lucro.


A luta feminista atual consiste de muitos focos importantes, como os direitos trabalhistas das mulheres, da não violação e contra muitos outros conservadorismos. Aquilo que as mulheres conquistaram e continuam conquistando – direito ao trabalho fora de casa, à independência, ao divórcio, entre outros - abriu espaço para mais luta, o que inclui a negação dos padrões de beleza. Hoje, como nunca, vivemos uma geração que sofre com a aparência mais do que qualquer outra – e em âmbito global. Portanto, devemos bater de frente contra esta praga, mostrando que nós, mulheres, somos perfeitas como somos, iguais em nossa própria unicidade.

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